domingo, 7 de setembro de 2014

🌺CARPIR E RESIGNAR💕


CARPIR E RESIGNAR

São quase duas e meia da manhã, o sono tarda a chegar
Nem o cansaço vence-me, nem a quietude derruba-me
Noites mal dormidas, enquanto espero a madrugada
Raiar do sol com este sono quase perdido
A insaciável sede de escrever não disfarça o meu silêncio
Faltam-me todas as coisas que não vivemos esta noite
O beijo que não te roubei
Quase sinto-te aqui nos meus braços, a ver nascer um novo dia
É claro que o poeta é um fingidor capaz de fingir 
Até a sua própria dor
Talvez eu seja um poeta fingidor, ou talvez não seja
A única certeza é o meu amor por ti
As saudades transformam-se em frases, poemas, versos soltos
Cada letra que escrevo é uma lágrima que escorre pela minha face
Nem sei se são lágrimas minhas ou tuas
Palavras de esperança que perderam-se
Sei que gostas muito de ler-me como eu gosto de escrever-te
Eu sei e tu também sabes que a saudade aperta
Quanto mais nos afastamos das coisas que temos vivido 
E das que ainda não vivemos, das viagens feitas em silêncio 
Que preenchem o nosso pensamento
Lágrimas que choro quando não posso dar às crianças tudo que eu tive em miúda
Das nossas de dificuldades que são tantas
Às vezes penso que Deus só devia dar filhos aos ricos e não aos pobres
Da raiva que sinto ao longo destes anos todos
Estou cansada de inventar soluções
Espero um milagre mas nem a ferros ele vem; é só problemas
O dinheiro nunca chega; as crianças estão a crescer
É é cada vez mais difícil educá-las
Os tempos são outros, não são como eram antigamente
O sorriso das crianças é contagiante e reconforta-nos; vemos a sorte que temos
Não sou valente, jamais serei invencível
Choro, grito de dor muitas vezes ao vento
Na tempestade do tempo; que não desistem de me carpir as mágoas
Já começo a resignar; não gosto muito confesso
Mas enquanto o silêncio meditar nas agruras da minha vida
Continuarão a escorrer-me as lágrimas feitas de palavras soltas
Em cada poema, verso ou frase que escrevo
Nestas noites da minha solidão em que tu estás ao meu lado.
  
Isabel Morais Ribeiro Fonseca

3 comentários:

  1. Maria a vida é assim dura e bela. Beijinhos

    Carpe diem

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  2. Atual poetisa! Ainda há muitas famílias assim! Fantástico! Parabéns!

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  3. Firme poema.
    Não existe glória sem dor, e tristeza.
    Lutar pela família com empenho, dedicação e sacrifícios, para com resignação e amor se possa vencer a solidão, procurando a felicidade e a paz com alegria. ✍🍂🙏😍

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